Olhos Oblíquos e Dissimulados
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Hannah Arendt: O professor, para os alunos, é um representante de todos os habitantes do mundo
Hannah Arendt escreveu um artigo sobre a crise na educação, nomeado com o mesmo tema, que estudado em classe, levantou vários pontos, que debatidos em classe, foram considerados de suma importância para a formação do pedagogo. Eis aqui, um breve comentário sobre um destes pontos e uma singela síntese da obra analisada.
"Dividido em três etapas complementares, o presente artigo discute a reflexão de Hannah Arendt sobre a crise da educação no mundo contemporâneo. Na primeira parte se estabelecem algumas conexões teóricas gerais entre as teses de Arendt a respeito da crise da educação e sua reflexão filosófico-política sobre a crise política da modernidade. Na segunda parte do texto, discute-se a hipótese de que a crise da educação também está relacionada à introdução de abordagens educacionais de caráter psicopedagógico, as quais, em vez contribuir para educar os jovens para a responsabilidade pelo mundo e para a ação política, os mantêm numa condição infantilizada que se estende até a idade adulta, trazendo, em consequência, novos problemas políticos. Finalmente, na terceira parte do texto, propõe-se a hipótese de que uma das principais contribuições do pensamento para pensar a crise contemporânea da educação se encontra em sua interessante discussão do binômio "crítica" e "crise", o qual põe em questão o binômio tradicional "crise/reforma". Para Arendt, a crise na educação deve ser entendida como oportunidade crucial para reflexões críticas a respeito do próprio processo educativo.
Em sua obra, A crise na educação, Hannah Arendt aborda aspectos essenciais para a formação do pedagogo, dos quais se reúnem os aspectos políticos e filosóficos que interpõem a escola, o professor e o aluno; frisando, que a escola é o âmbito preparatório da criança para mundo, em todo caso, sem ser o mundo, e, sem de fato tentar sê-lo.
Arendt frisa que “A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar”, assim sendo, responsável parcialmente pela inserção da criança na sociedade em que vive, deixando claro que ela é capaz de muda-la em seu processo. Quando Arendt diz “Face à criança é como se ele (o professor) fosse um representante de todos os habitantes adultos, apontando os detalhes e dizendo à criança: – Isso é o nosso mundo” está enfatizando este momento. No início de sua narrativa, a autora deixa claro que, a criança é um novo ser inserido ao mundo, sem qualquer instrução de como agir em sociedade e sobre como exercer sua humanidade. – Apesar de ser uma afirmação forte, o que torna o homo sapiens de fato ‘humano’ é a sua cultura e vivência em sociedade, que o difere dos demais animais. Estes fatos então devem ser ensinados, gradativamente aos mais novos – assim como ocorre com os animais – pelos mais velhos, que seria no nosso caso, um professor.
O professor, então é o responsável por mostrar o mundo aos seus novos habitantes, e qualifica-los para a vida em sociedade, os direcionando para serem capazes de construir uma mudança significativa na mesma, que se encontra em estado de constate mutação. Logo, a sala de aula se torna um laboratório, onde o professor mostra o mundo para seus alunos, e com isso acaba representando, em si mesmo, as pessoas que o habitam."
Palavras-chave: Arendt, Mundo, Humanidade, Professor , Educação
Referência: ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. 3ª reimpressão da 5ª ed. de 2000. São Paulo: Perspectiva, 2005
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Desabafo sobre a reforma do ensino médio
O governo federal apresentou nesta quinta-feira (22) a medida provisória (MP) sobre a reforma do ensino médio. As mudanças afetam conteúdo e formato das aulas, e também a elaboração dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A proposta terá de ser aprovada em até 120 dias pela Câmara e pelo Senado, caso contrário, perderá o efeito. Dentre as mudanças, estão a do quadro abaixo, tirada do site do G1, onde vocês podem ler a matéria completa (aqui).
Então, o que eu posso dizer sobre essa nova ação do governo, que vai retirar centenas de profissionais qualificados do mercado e por estudantes em seu lugar, priorizando a migração direta para o mercado de trabalho e não a educação em si?
Antigamente eu lia e estudava o que acontecia durante o golpe, o regime escolar, como as pessoas viviam com aquilo, como elas aceitavam ser manipuladas de tal forma? E agora vejo: elas recebem isso com um estrondoso aplauso.
Gente, se vocês pararem pra analisar, e pensar um pouquinho, estamos voltando à época em que o que era realmente valorizado, era o mercado de trabalho e não a vida. Com essas mudanças previstas para o ensino médio, eu só vejo a volta dos anos 50 e 60, onde pobres eram direcionados ao ensino técnico e os ricos às faculdades, em prol de uma vida acadêmica.
Será que não vêem que é isso que estão fazendo? AH, mas vão vir me dizer "mas Lara, eles não estão tirando as matérias, só tornando elas opcionais". Okay, isso é verdade, tanta verdade quanto que, com a crescente evasão de alunos dessas matérias, em alguns anos elas poderão ser tiradas do currículo que compõe a escola, mesmo sendo 'opcional', e com isso vários profissionais acabam ficando sem emprego. Nós vemos isso na universidade o tempo todo. Matérias são canceladas tantas vezes, por não ter alunos que acabam sendo 'desligadas' do currículo da universidade.
Sobre a institucionalização de profissionais de outras áreas como professores de uma área completamente : Sim, institucionalização, porque quem está em educação vê isso a todo tempo. Escolas contratando estagiários, que sem a formação necessária ainda, tem que dar conta de uma turma inteira por necessidade e a defasagem de professores, por exemplo, de pedagogia pra ensinar matemática no ensino médio, ou de geografia pra dar de ciências, só por ter uma graduação. É preciso dizer que é um absurdo? Não? Ótimo.
Não é preciso ser um gênio pra saber que o que o governo quer é precarizar ainda mais todas as vias de ensino, para poder tornar cada vez mais pessoas ignorantes, e poder, assim, manipular e roubar delas com mais facilidade. Como foi em todos os regimes de autoritarismo já relatados: mexem na educação, não em pró da sociedade e conhecimento, mas sim, em pró do que lhes é conveniente à manipulação, mascarada como um progresso, para que assim, possa seguir em ascensão.
E antes que isso vire um textão maior, venho lhes dizer #FORATEMER e até a proxima pessoas :')
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Viola Spolin : Um texto que todos deveriam ler.
Recentemente, em minhas aulas sobre Arte e Educação, coma professora Rilmar Lopes, aqui na UFBA, me deparei com um texto único e excepcional, que fala como a arte é importante na vida e construção do ser individual, da mesma forma em que é extremamente necessário, do professor, uma assistência a mais, seja tida com mais paciência direcionamento para com o aluno. Num trabalho excepcional, cujo o direcionamento é dado para 'como ensinar teatro' Viola Spolin traz ao leitor um novo dimensionamento, onde até o próprio talento é questionado por quem de fato está disposto a aprender. Bom, agora sem mais delongas, eis um trecho de sua obra que me encantou e me fez acreditar que se o tivesse lido a alguns anos, algumas coisas seriam bem diferentes.
"Numa cultura onde a aprovação/desaprovação tornou-se o regulador predominante dos esforços e da posição, e freqüentemente o substituto do amor, nossas liberdades pessoais são dissipadas.
Abandonados aos julgamentos arbitrários dos outros, oscilamos diariamente entre o desejo de ser amado e o medo da rejeição para produzir. Qualificados como “bons” ou “maus” desde o nascimento (um bebê “bom” não chora) nos tornamos tão dependentes da tênue base de julgamento de aprovação/desaprovação que ficamos criativamente paralisados. Vemos com os olhos dos outros e sentimos o cheiro com o nariz dos outros. Assim, o fato de depender de outros que digam onde estamos, quem somos e o que está acontecendo resulta numa séria (quase total) perda de experiência pessoal. Perdemos a capacidade de estar organicamente envolvidos num problema, e de uma maneira desconectada funcionamos somente com partes do nosso todo. Não conhecemos nossa própria substância, e na tentativa de viver (ou de evitar viver) pelos olhos de outros, a auto-identidade é obscurecida, nosso corpo e a graça natural desaparece, e a aprendizagem é afetada. Tanto o indivíduo como a forma de arte são distorcidos e depravados, e a compreensão se perde para nós. Ao tentarmos nos salvaguardar de ataques, construímos uma fortaleza poderosa e nos tornamos tímidos, ou então lutamos cada vez que nos aventuramos sair de nós mesmos. Alguns, nesta luta com a aprovação/desaprovação, desenvolvem egocentrismo e exibicionismo; outros desistem e simplesmente seguem vivendo. Outros ainda, como Elsa no conto de fada, estão eternamente batendo nas janelas, tocando campainhas e lamentando “Quem sou eu?” O contato com o ambiente é distorcido. Autodescoberta e outros traços exploratórios tendem a ser atrofiados. Ser “bom” ou ser “mau” torna-se um modo de vida para aqueles que precisam da aprovação/desaprovação de uma autoridade — a investigação, assim como a solução dos problemas, tornam-se de importância secundária. Aprovação/desaprovação cresce do autoritarismo que, com o decorrer dos anos, passou dos pais para o professor e, finalmente, para o de toda a estrutura social (o companheiro, o patrão, a família, os vizinhos etc.). A linguagem e as atitudes do autoritarismo devem ser constantemente combatidas quando desejamos que a personalidade total emerja como unidade de trabalho. Todas palavras que fecham portas, que têm implicações ou conteúdo emocional, atacam a personalidade do aluno-ator ou mantêm o aluno totalmente dependente do julgamento do professor, devem ser evitadas. Uma vez que muitos de nós fomos educados pelo método da aprovação/desaprovação, é necessário uma constante auto-observação por parte do professor-diretor para erradicar de si mesmo qualquer manifestação desse tipo, de maneira que não entre na relação professor-aluno. A expectativa de julgamento impede um relacionamento livre nos trabalhos de atuação. Além disso, o professor não pode julgar o bom ou o mau pois que não existe uma maneira absolutamente certa ou errada para solucionar um problema: o professor, com um passado rico em experiências, pode conhecer uma centena de maneiras diferentes para solucionar um determinado problema, e o aluno pode aparecer com a forma cento e um, que o professor até então não tinha pensado2 . Isto é particularmente válido nas artes. O julgamento por parte do professor-diretor limita tanto a sua própria experiência como a dos alunos, pois ao julgar, ele se mantém distante do momento da
experiência e raramente vai além do que já sabe. Isto o limita aos ensinamentos de rotina, às fórmulas e outros conceitos padronizados, que prescrevem o comportamento do aluno. E mais difícil reconhecer o autoritarismo na aprovação do que na desaprovação — particularmente quando um aluno solicita aprovação. Isto lhe dá autoconhecimento, pois uma aprovação do professor indica que foi feito algum progresso, mas um progresso em termos do professor, não em termos do aluno. Portanto, ao desejar evitar a aprovação, devemos nos precaver para não nos distanciarmos a tal ponto que o aluno se sinta perdido, ou que ele julgue que não está aprendendo nada. A verdadeira liberdade pessoal e a auto-expressão só podem florescer numa atmosfera onde as atitudes permitam igualdade entre o aluno e o professor, e as dependências do aluno pelo professor e do professor pelo aluno sejam eliminadas. Os problemas propostos no livro ensinarão ambas as coisas. Aceitar simultaneamente o direito do aluno à igualdade na abordagem de um problema e sua falta de experiência coloca uma carga sobre o professor. Esta maneira de ensinar parece a princípio mais difícil, pois o professor deve sempre se colocar fora das descobertas dos alunos sem interpretar ou forçar conclusões. Contudo, isto pode ser mais recompensador para o professor, porque uma vez que os alunos-atores tenham realmente aprendido através da atuação, a qualidade da performance será de fato muito alta. Os jogos e exercícios para solução de problemas contidos neste manual ajudarão a diminuir o autoritarismo e, na medida em que o treinamento continua, ele desaparecerá. Com o despertar do sentido do eu, o autoritarismo é eliminado. Não há necessidade do status dado pela aprovação/desaprovação na medida em que todos (professor e aluno) lutam pelo insight pessoal — com a consciência intuitiva vem um sentimento de certeza. A mudança do professor como autoridade absoluta não ocorre imediatamente. Levam se anos para construir atitudes, e todos temos medo de abandoná-las, uma vez incorporadas. O professor encontrará seu caminho se nunca perder de vista o fato de que as necessidades do teatro são o verdadeiro mestre, pois o professor também deve aceitar as regras do jogo. Então ele facilmente encontrará sua função de guia, pois afinal o professor-diretor conhece o teatro técnico e artisticamente, e suas experiências são necessárias para liderar o grupo. "
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro; São Paulo: Perspectiva, 2005.
"Numa cultura onde a aprovação/desaprovação tornou-se o regulador predominante dos esforços e da posição, e freqüentemente o substituto do amor, nossas liberdades pessoais são dissipadas.
Abandonados aos julgamentos arbitrários dos outros, oscilamos diariamente entre o desejo de ser amado e o medo da rejeição para produzir. Qualificados como “bons” ou “maus” desde o nascimento (um bebê “bom” não chora) nos tornamos tão dependentes da tênue base de julgamento de aprovação/desaprovação que ficamos criativamente paralisados. Vemos com os olhos dos outros e sentimos o cheiro com o nariz dos outros. Assim, o fato de depender de outros que digam onde estamos, quem somos e o que está acontecendo resulta numa séria (quase total) perda de experiência pessoal. Perdemos a capacidade de estar organicamente envolvidos num problema, e de uma maneira desconectada funcionamos somente com partes do nosso todo. Não conhecemos nossa própria substância, e na tentativa de viver (ou de evitar viver) pelos olhos de outros, a auto-identidade é obscurecida, nosso corpo e a graça natural desaparece, e a aprendizagem é afetada. Tanto o indivíduo como a forma de arte são distorcidos e depravados, e a compreensão se perde para nós. Ao tentarmos nos salvaguardar de ataques, construímos uma fortaleza poderosa e nos tornamos tímidos, ou então lutamos cada vez que nos aventuramos sair de nós mesmos. Alguns, nesta luta com a aprovação/desaprovação, desenvolvem egocentrismo e exibicionismo; outros desistem e simplesmente seguem vivendo. Outros ainda, como Elsa no conto de fada, estão eternamente batendo nas janelas, tocando campainhas e lamentando “Quem sou eu?” O contato com o ambiente é distorcido. Autodescoberta e outros traços exploratórios tendem a ser atrofiados. Ser “bom” ou ser “mau” torna-se um modo de vida para aqueles que precisam da aprovação/desaprovação de uma autoridade — a investigação, assim como a solução dos problemas, tornam-se de importância secundária. Aprovação/desaprovação cresce do autoritarismo que, com o decorrer dos anos, passou dos pais para o professor e, finalmente, para o de toda a estrutura social (o companheiro, o patrão, a família, os vizinhos etc.). A linguagem e as atitudes do autoritarismo devem ser constantemente combatidas quando desejamos que a personalidade total emerja como unidade de trabalho. Todas palavras que fecham portas, que têm implicações ou conteúdo emocional, atacam a personalidade do aluno-ator ou mantêm o aluno totalmente dependente do julgamento do professor, devem ser evitadas. Uma vez que muitos de nós fomos educados pelo método da aprovação/desaprovação, é necessário uma constante auto-observação por parte do professor-diretor para erradicar de si mesmo qualquer manifestação desse tipo, de maneira que não entre na relação professor-aluno. A expectativa de julgamento impede um relacionamento livre nos trabalhos de atuação. Além disso, o professor não pode julgar o bom ou o mau pois que não existe uma maneira absolutamente certa ou errada para solucionar um problema: o professor, com um passado rico em experiências, pode conhecer uma centena de maneiras diferentes para solucionar um determinado problema, e o aluno pode aparecer com a forma cento e um, que o professor até então não tinha pensado2 . Isto é particularmente válido nas artes. O julgamento por parte do professor-diretor limita tanto a sua própria experiência como a dos alunos, pois ao julgar, ele se mantém distante do momento da
experiência e raramente vai além do que já sabe. Isto o limita aos ensinamentos de rotina, às fórmulas e outros conceitos padronizados, que prescrevem o comportamento do aluno. E mais difícil reconhecer o autoritarismo na aprovação do que na desaprovação — particularmente quando um aluno solicita aprovação. Isto lhe dá autoconhecimento, pois uma aprovação do professor indica que foi feito algum progresso, mas um progresso em termos do professor, não em termos do aluno. Portanto, ao desejar evitar a aprovação, devemos nos precaver para não nos distanciarmos a tal ponto que o aluno se sinta perdido, ou que ele julgue que não está aprendendo nada. A verdadeira liberdade pessoal e a auto-expressão só podem florescer numa atmosfera onde as atitudes permitam igualdade entre o aluno e o professor, e as dependências do aluno pelo professor e do professor pelo aluno sejam eliminadas. Os problemas propostos no livro ensinarão ambas as coisas. Aceitar simultaneamente o direito do aluno à igualdade na abordagem de um problema e sua falta de experiência coloca uma carga sobre o professor. Esta maneira de ensinar parece a princípio mais difícil, pois o professor deve sempre se colocar fora das descobertas dos alunos sem interpretar ou forçar conclusões. Contudo, isto pode ser mais recompensador para o professor, porque uma vez que os alunos-atores tenham realmente aprendido através da atuação, a qualidade da performance será de fato muito alta. Os jogos e exercícios para solução de problemas contidos neste manual ajudarão a diminuir o autoritarismo e, na medida em que o treinamento continua, ele desaparecerá. Com o despertar do sentido do eu, o autoritarismo é eliminado. Não há necessidade do status dado pela aprovação/desaprovação na medida em que todos (professor e aluno) lutam pelo insight pessoal — com a consciência intuitiva vem um sentimento de certeza. A mudança do professor como autoridade absoluta não ocorre imediatamente. Levam se anos para construir atitudes, e todos temos medo de abandoná-las, uma vez incorporadas. O professor encontrará seu caminho se nunca perder de vista o fato de que as necessidades do teatro são o verdadeiro mestre, pois o professor também deve aceitar as regras do jogo. Então ele facilmente encontrará sua função de guia, pois afinal o professor-diretor conhece o teatro técnico e artisticamente, e suas experiências são necessárias para liderar o grupo. "
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro; São Paulo: Perspectiva, 2005.
Comentário sobre a leitura de: Improvisação para o teatro, de Viola Spolin
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro; São Paulo: Perspectiva, 2005.
Viola Spolin, nascida em 7 de novembro de 1906, em Los Angeles (EUA), tendo como data de óbito 22 de novembro de 1994, foi autora e diretora de teatro, e é considerada por muitos como a avó norte-americana do teatro improvisado. Spolin sistematiza jogos teatrais, metodologia de atuação e conhecimento da prática teatral, que está presente em todos os fundamentos da atual comédia norte americana. Viola Spolin preparou-se inicialmente para ser uma assistente social trabalhando junto aos imigrantes de Chicago na Neva Boyd's Group Work School (Escola de Formação de Trabalho de Grupo de Neva Boyd), entre 1924-1927. Construindo os jogos teatrais a partir da experiência de Neva Boyd, Viola respondeu pelo desenvolvimento de novos tipos de jogos que focam na criatividade individual, adaptando e focando o conceito de jogo como chave para abrir a capacidade de auto-expressão criativa. Estas técnicas foram mais tarde formalizadas sob o nome de Jogos Teatrais ou Theater Games.
Em sua obra, Viola Spolin, traz uma nova concepção quanto à importância do teatro e da arte na vida das pessoas. Ela enfatiza, como esta, pode ser de grande ajuda na construção da identidade própria; abordando temas como ‘Aprovação/Desaprovação’, ‘ A Transposição do Processo de Aprendizagem Para a Vida Diária’, ‘Fiscalização’ e ‘Plateia’ a autora explica não somente como um professor deve agir para com seus alunos em diferentes situações, como também enfatiza a grande responsabilidade que recai nos ombros do mesmo quanto à elas. Dando uma ênfase maior à espontaneidade, Spolin carimba esta obra como resultado de seus estudos mais promissores sobre a auto expressão, que auxilia o individuo na construção do sujeito. Em suas palavras, qualquer um pode fazer teatro, obviamente, haverão aqueles com talento – facilidade para aprender rapidamente, e, haverão aqueles que darão duro para conquistar uma técnica a que não se poderá prender. Em todo modo, ou, de qualquer forma, aquele que se dispor a fazer esta leitura, perpetuará num mundo novo, onde convicções serão questionadas, responsabilidades serão redistribuídas e a arte será ensinada como aquela que não existe se não houver uma plateia.
Em seus textos se encontram várias teses, sempre defendendo a ideia do jogo de ludicidade para ajudar a desenvolver as habilidades e a espontaneidade do aluno, o estimulando, assim, na construção da sua identidade. Ao citar os jogos, Spolin frisa que o primeiro passo para jogar é sentir liberdade pessoal.
“É necessário ser patê do mundo que nos circunda e torá-lo real, tocando, vendo, sentindo o seu sabor e seu aroma. [...] A liberdade pessoal para fazer isso leva-nos a experimentar e adquirir autoconsciência (auto identidade) e auto expressão. A sede de auto identidade e auto expressão, enquanto básica para todos nós, é também necessária para a expressão teatral.”
Neste momento a autora inicia o tópico “Aprovação/Desaprovação”, que explica de forma sucinta o que acontece com os adolescentes em meio da procura pela auto identidade, com suas mentes confusas graças aos meios de aprovação e desaprovação impostos pela sociedade.
“Numa cultura onde a aprovação/desaprovação tornou-se o regulador predominante dos esforços e da posição, e frequentemente o substituo do amor, nossas liberdades pessoais são dissipadas. Abandonados aos julgamentos arbitrários dos outros, oscilamos diariamente entre o desejo de ser amado e o medo da rejeição para
produzir. Qualificados como ‘bons’ e ‘maus’ desde o nascimento (um bebê ‘bom’ não chora) nos tornamos tão dependentes da tênue base de julgamento de aprovação/desaprovação que ficamos criativamente paralisados.”
Com isto, então, ela inicia uma ampla descida para a questão do autoritarismo. Onde a questão recai sobre o professor, que seria a autoridade no recinto, mas que ao exerce-la, pode acabar afetando nitidamente o seu espaço produtivo, inibindo assim, a liberdade de expressão.
“A verdadeira liberdade pessoal e a auto expressão só podem florescer numa atmosfera onde as atitudes permitam igualdade entre o aluno e o professor, e as dependências do aluno.”
Dois pontos extremamente importantes na obra são os tópicos que abordam sobre a plateia e as técnicas teatrais. Quando fala sobre plateia Spolin é clara: se não há plateia, não há teatro. O teatro é uma arte que serve para ser vista, sendo totalmente voltada ao público, seja para satirizar, representar ou recriar a realidade. É a plateia que dá significado ao espetáculo. A autora frisa que ‘quando se compreende o papel da plateia, o ator adquire liberdade e relaxamento completo. Quando a plateia é entendida sendo uma parte orgânica, o aluno-ator ganha um sentido de responsabilidade para com ela que não tem nenhuma tensão nervosa.’ Já quanto às técnicas teatrais, Spolin sintetiza:
“As técnicas não são artifícios mecânicos – um saco de truques bem rotulados para serem retirados pelo ator quando necessário. Quando a forma de uma arte se torna elástica, essas ‘técnicas’ isoladas, que se presume constituíam a forma, então sendo ensinadas e incorporadas rigidamente. O crescimento tanto do indivíduo como da forma sofre, consequentemente, pois a menos que o aluno seja extraordinariamente intuitivo, tal rigidez no ensino, pelo fato de negligenciar o desenvolvimento interior é invariavelmente refletida em seu desempenho.”
Ou seja: Se prender somente a técnicas o limita, dentro da própria espontaneidade.
Comentário:
No decorrer de sua obra, Viola Spolin dá termos técnicos e didáticos para que se possa dar uma boa aula de teatro, fazendo sempre uma analogia com a realidade e com a realidade construída em cena. Uma leitura instrutiva e interessante, que me levou a crer, pessoalmente, que alguns trechos da mesma deveriam ter sido instruídos a muitos de nós a muito tempo. Assim, evitaríamos erros e entenderíamos coisas que se passam ao nosso redor, principalmente na adolescência, quando a sociedade cobra algo de você, que você sequer faz ideia se é você, se é certo ou errado, bom ou mal. Fazendo crer assim, que a arte está composta por todos os momentos da vida humana, e deveria ser usada com mais afinco para o estudo dela e em sala de aula, por ser algo essencial, como diriam os românticos, à alma.
Palavras chave: Arte; Teatro; educação; alunos; Spolin; sociedade; alma; técnica; plateia.
Viola Spolin, nascida em 7 de novembro de 1906, em Los Angeles (EUA), tendo como data de óbito 22 de novembro de 1994, foi autora e diretora de teatro, e é considerada por muitos como a avó norte-americana do teatro improvisado. Spolin sistematiza jogos teatrais, metodologia de atuação e conhecimento da prática teatral, que está presente em todos os fundamentos da atual comédia norte americana. Viola Spolin preparou-se inicialmente para ser uma assistente social trabalhando junto aos imigrantes de Chicago na Neva Boyd's Group Work School (Escola de Formação de Trabalho de Grupo de Neva Boyd), entre 1924-1927. Construindo os jogos teatrais a partir da experiência de Neva Boyd, Viola respondeu pelo desenvolvimento de novos tipos de jogos que focam na criatividade individual, adaptando e focando o conceito de jogo como chave para abrir a capacidade de auto-expressão criativa. Estas técnicas foram mais tarde formalizadas sob o nome de Jogos Teatrais ou Theater Games.
Em sua obra, Viola Spolin, traz uma nova concepção quanto à importância do teatro e da arte na vida das pessoas. Ela enfatiza, como esta, pode ser de grande ajuda na construção da identidade própria; abordando temas como ‘Aprovação/Desaprovação’, ‘ A Transposição do Processo de Aprendizagem Para a Vida Diária’, ‘Fiscalização’ e ‘Plateia’ a autora explica não somente como um professor deve agir para com seus alunos em diferentes situações, como também enfatiza a grande responsabilidade que recai nos ombros do mesmo quanto à elas. Dando uma ênfase maior à espontaneidade, Spolin carimba esta obra como resultado de seus estudos mais promissores sobre a auto expressão, que auxilia o individuo na construção do sujeito. Em suas palavras, qualquer um pode fazer teatro, obviamente, haverão aqueles com talento – facilidade para aprender rapidamente, e, haverão aqueles que darão duro para conquistar uma técnica a que não se poderá prender. Em todo modo, ou, de qualquer forma, aquele que se dispor a fazer esta leitura, perpetuará num mundo novo, onde convicções serão questionadas, responsabilidades serão redistribuídas e a arte será ensinada como aquela que não existe se não houver uma plateia.
Em seus textos se encontram várias teses, sempre defendendo a ideia do jogo de ludicidade para ajudar a desenvolver as habilidades e a espontaneidade do aluno, o estimulando, assim, na construção da sua identidade. Ao citar os jogos, Spolin frisa que o primeiro passo para jogar é sentir liberdade pessoal.
“É necessário ser patê do mundo que nos circunda e torá-lo real, tocando, vendo, sentindo o seu sabor e seu aroma. [...] A liberdade pessoal para fazer isso leva-nos a experimentar e adquirir autoconsciência (auto identidade) e auto expressão. A sede de auto identidade e auto expressão, enquanto básica para todos nós, é também necessária para a expressão teatral.”
Neste momento a autora inicia o tópico “Aprovação/Desaprovação”, que explica de forma sucinta o que acontece com os adolescentes em meio da procura pela auto identidade, com suas mentes confusas graças aos meios de aprovação e desaprovação impostos pela sociedade.
“Numa cultura onde a aprovação/desaprovação tornou-se o regulador predominante dos esforços e da posição, e frequentemente o substituo do amor, nossas liberdades pessoais são dissipadas. Abandonados aos julgamentos arbitrários dos outros, oscilamos diariamente entre o desejo de ser amado e o medo da rejeição para
produzir. Qualificados como ‘bons’ e ‘maus’ desde o nascimento (um bebê ‘bom’ não chora) nos tornamos tão dependentes da tênue base de julgamento de aprovação/desaprovação que ficamos criativamente paralisados.”
Com isto, então, ela inicia uma ampla descida para a questão do autoritarismo. Onde a questão recai sobre o professor, que seria a autoridade no recinto, mas que ao exerce-la, pode acabar afetando nitidamente o seu espaço produtivo, inibindo assim, a liberdade de expressão.
“A verdadeira liberdade pessoal e a auto expressão só podem florescer numa atmosfera onde as atitudes permitam igualdade entre o aluno e o professor, e as dependências do aluno.”
Dois pontos extremamente importantes na obra são os tópicos que abordam sobre a plateia e as técnicas teatrais. Quando fala sobre plateia Spolin é clara: se não há plateia, não há teatro. O teatro é uma arte que serve para ser vista, sendo totalmente voltada ao público, seja para satirizar, representar ou recriar a realidade. É a plateia que dá significado ao espetáculo. A autora frisa que ‘quando se compreende o papel da plateia, o ator adquire liberdade e relaxamento completo. Quando a plateia é entendida sendo uma parte orgânica, o aluno-ator ganha um sentido de responsabilidade para com ela que não tem nenhuma tensão nervosa.’ Já quanto às técnicas teatrais, Spolin sintetiza:
“As técnicas não são artifícios mecânicos – um saco de truques bem rotulados para serem retirados pelo ator quando necessário. Quando a forma de uma arte se torna elástica, essas ‘técnicas’ isoladas, que se presume constituíam a forma, então sendo ensinadas e incorporadas rigidamente. O crescimento tanto do indivíduo como da forma sofre, consequentemente, pois a menos que o aluno seja extraordinariamente intuitivo, tal rigidez no ensino, pelo fato de negligenciar o desenvolvimento interior é invariavelmente refletida em seu desempenho.”
Ou seja: Se prender somente a técnicas o limita, dentro da própria espontaneidade.
Comentário:
No decorrer de sua obra, Viola Spolin dá termos técnicos e didáticos para que se possa dar uma boa aula de teatro, fazendo sempre uma analogia com a realidade e com a realidade construída em cena. Uma leitura instrutiva e interessante, que me levou a crer, pessoalmente, que alguns trechos da mesma deveriam ter sido instruídos a muitos de nós a muito tempo. Assim, evitaríamos erros e entenderíamos coisas que se passam ao nosso redor, principalmente na adolescência, quando a sociedade cobra algo de você, que você sequer faz ideia se é você, se é certo ou errado, bom ou mal. Fazendo crer assim, que a arte está composta por todos os momentos da vida humana, e deveria ser usada com mais afinco para o estudo dela e em sala de aula, por ser algo essencial, como diriam os românticos, à alma.
Palavras chave: Arte; Teatro; educação; alunos; Spolin; sociedade; alma; técnica; plateia.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Há de fato, democracia no Brasil?
Recentemente, com a instalação do Golpe de Estado, na República brasileira, decorrente ao impeachment da ex presidenta Dilma Rousseff, se tem ouvido falar muito sobre Democracia. Democracia que segundo o Dicionário Aurélio, Democracia é:
1- Governo em que o povo exerce a soberania, direta ou indiretamente; 2- Partido democrático; 3- O povo (em oposição à aristocracia).E o que de fato seria Aristocracia?1-Conjunto de nobres; 2- Forma de Governo que predomina a nobreza; 3- Superioridade.
Esse conceito tem se passado para nós de geração em geração, mas e se isto estivesse errado ou distorcido? E se Democracia fosse de fato, outra coisa? Recentemente encontrei dois vídeos que trabalham com isso de uma forma única, desconstruindo e mostrando as vias que nos levaram a ter este 'novo' conceito.
VIDEO I:
VIDEO II
Com isto, eu lhes pergunto, existia democracia no Brasil? Está havendo , no governo Temer?
Espero a resposta nos comentários!
Espero a resposta nos comentários!
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Internet e Globalização: Ampliando o multiculturalismo ou criando uma cultura global?
Há alguns anos, não mais que uma década, o tema de maior repercussão no mundo era a globalização. Talvez você lembre bem como era discutido, caía em concursos, vestibulares, na escola. Era o tema principal, das conversas, pois havia acontecido um 'bum' graças à internet, e, as redes sociais começando a se popularizar; o que gerou um grande choque quando as culturas, e pessoas, do mundo inteiro começaram a se comunicar ao mesmo tempo, numa velocidade absurda sem sequer saírem do lugar.
Bom, o processo de globalização é um fenômeno do modelo econômico capitalista, o qual consiste na mundialização do espaço geográfico por meio da interligação econômica, política, social e cultural em âmbito planetário. Podemos dizer que foi iniciado, por baixo dos panos, com a expansão marítima nos séculos XV, XVI e XVII, e intensificado com o surgimento da internet, nos anos noventa, tomando uma proporção enorme com o surgimento das redes sociais anos depois.
Com a vinda das redes sociais o multiculturalismo cresceu de forma absurda, e num país como o Brasil, com uma diversidade cultural já muito abrangente, não foi diferente. Mas, desta vez, ao invés de povos trazerem suas culturas e acabarem mesclando com as locais, em suas imigrações, as culturas estavam entrando pela aculturação de jovens usuários da rede. Ícones da cultura norte- americana, coreana, japonesa, asiática e européia e tornaram populares e cada vez mais significantes entre os adolescentes. Onde a cultura nacional começou a se miscigenar com outras culturas, surgindo aos poucos, cidades e ícones globais, alimentando a crença de que a cultura global pode está se tornando uma só. Uma cultura global.
terça-feira, 12 de julho de 2016
Trovadores nordestinos
Quando eu era criança, meu pai me levou para uma feira, e, na mesma havia um senhor senado num banco, com um chapéu na cabeça para o livrar do sol quente, e, uma espécie de varal. Só que este varal não era para roupas, lençóis ou qualquer tecido que ali pudesse repousar; eu, para meu maior encanto, estava diante de um varal de cordéis. Eram livrinhos pequeninos e muito coloridos, com os desenhos mais diferentes de tudo o que eu, em meus oito anos, já havia visto. Neles, versos das mais divertidas poesias, que eu aprendi a admirar, contavam a rotina, as aventuras, os mitos e até mesmo crônicas de quem vivia na caatinga. Hoje, mais de dez anos depois ainda me encontro encantada com esta, que eu descobriria ser, a literatura de cordel.
A Literatura de Cordel é uma modalidade impressa de poesia, que já foi muito estigmatizada mas hoje em dia é bem aceita e respeitada, tendo, inclusive, uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel (link). Descobri recentemente que aqueles que escrevem os livretos de cordel se denominam trovadores, assim como os antigos poetas europeus da idade média! Poderíamos então dizer que a literatura de cordel teria resquícios do trovadorismo, que se enraizaram na cultura nordestina o dando um sabor brasileiro?
De fato, é algo que podemos pensar, pois assim como o movimento uma das principais características da produção é a manifestação da opinião do autor a respeito de algo na sua sociedade. Os cordéis não tem a característica de serem impessoais ou imparciais, muito pelo contrário, na maioria das vezes usam técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate com a ideia proposta, como em muitas cantigas de escárnio e mal dizer características do período decorrente entre os séculos XII e XV.
Eis um cordel fantástico que retrata um pouco deste fato:
NORDESTE: AQUI É O MEU LUGAR
Vou falar do meu lugar
Terra de cabra da peste
Terra de homem valente
Do sertão e do agreste
Terra do mandacaru
Do nosso maracatu
Meu lugar é o Nordeste!
Meu Nordeste tem riquezas
Só encontradas aqui
Sua música, sua dança
Sua gente que sorri
Nosso povo tem bravura
Tem tradição, tem cultura
Da Bahia ao Piauí.
A nossa música é linda
Temos coco e embolada
Aboio e banda de pife
Poesia improvisada
Axé, repente, baião
O forró do Gonzagão
Que faz a maior noitada.
Frevo, xote e xaxado
Violeiro, canturia
O martelo agalopado
O cordel e a poesia
O cantador de viola
Fazendo versos na hora
Pra nos trazer alegria.
Nossa dança é muito rica
E bastante popular
Tem ciranda, afoxé
Para quem quiser dançar
Bumba-meu-boi, capoeira
Essa dança brasileira
Querida em todo lugar.
Tem baião e tem forró
Pra dançar agarradinho
Tem maracatu, congada
Tem o cavalo-marinho
Festa junina animada
Pra toda rapaziada
Namorar um “bucadinho”.
Nossa culinária é rica
Em tradição e sabor
Tem cuscuz, tem macaxeira
Que têm um grande valor
Tem o xinxim de galinha
Rapadura com farinha
Tudo feito com amor.
Do bode tem a buchada
Carne de sol com pirão
O mocotó, a rabada
O bobó de camarão
Bredo no coco, paçoca
Vatapá e tapioca
Venha provar o qu’é bão.
Temos doce bem gostoso
Como o Bolo de Fubá
A cocada, a rapadura
O quindim e o mungunzá
Temos Beijinho de coco
Que deixa qualquer um loco
Venha aqui saborear.
As festas do meu Nordeste
Têm alegria e calor
O carnaval de Olinda,
De Recife e Salvador
Em Natal o “Carnatal”
Em Fortaleza o “Fortal”
Micaretas de valor.
Quando chega o São João
A "disputa" é pra valer
A "Capital do Forró"
Todos querem conhecer
Caruaru tem beleza
Campina Grande destreza
Para o forró não morrer.
Terra de Alceu Valença
E de Jackson do Pandeiro
Terra de Luís Gonzaga
Esse grande brasileiro
A terra de Elba Ramalho
E também de Zé Ramalho
Famosos no mundo inteiro.
A terra de Virgulino
O famoso Lampião
A terra de Vitalino
Rei do barro feito à mão
A terra do “Padim Ciço”
Dos milagres, “dos bendito”
Do poder da oração.
Piauí da Pré-História
Bahia do candomblé
Paraíba das cachaças
Em Sergipe eu boto fé
Pernambuco tem o frevo
Terra de cabra da peste
Terra de homem valente
Do sertão e do agreste
Terra do mandacaru
Do nosso maracatu
Meu lugar é o Nordeste!
Meu Nordeste tem riquezas
Só encontradas aqui
Sua música, sua dança
Sua gente que sorri
Nosso povo tem bravura
Tem tradição, tem cultura
Da Bahia ao Piauí.
A nossa música é linda
Temos coco e embolada
Aboio e banda de pife
Poesia improvisada
Axé, repente, baião
O forró do Gonzagão
Que faz a maior noitada.
Frevo, xote e xaxado
Violeiro, canturia
O martelo agalopado
O cordel e a poesia
O cantador de viola
Fazendo versos na hora
Pra nos trazer alegria.
Nossa dança é muito rica
E bastante popular
Tem ciranda, afoxé
Para quem quiser dançar
Bumba-meu-boi, capoeira
Essa dança brasileira
Querida em todo lugar.
Tem baião e tem forró
Pra dançar agarradinho
Tem maracatu, congada
Tem o cavalo-marinho
Festa junina animada
Pra toda rapaziada
Namorar um “bucadinho”.
Nossa culinária é rica
Em tradição e sabor
Tem cuscuz, tem macaxeira
Que têm um grande valor
Tem o xinxim de galinha
Rapadura com farinha
Tudo feito com amor.
Do bode tem a buchada
Carne de sol com pirão
O mocotó, a rabada
O bobó de camarão
Bredo no coco, paçoca
Vatapá e tapioca
Venha provar o qu’é bão.
Temos doce bem gostoso
A cocada, a rapadura
O quindim e o mungunzá
Temos Beijinho de coco
Que deixa qualquer um loco
Venha aqui saborear.
As festas do meu Nordeste
Têm alegria e calor
O carnaval de Olinda,
De Recife e Salvador
Em Natal o “Carnatal”
Em Fortaleza o “Fortal”
Micaretas de valor.
Quando chega o São João
A "disputa" é pra valer
A "Capital do Forró"
Todos querem conhecer
Caruaru tem beleza
Campina Grande destreza
Para o forró não morrer.
Terra de Alceu Valença
E de Jackson do Pandeiro
Terra de Luís Gonzaga
Esse grande brasileiro
A terra de Elba Ramalho
E também de Zé Ramalho
Famosos no mundo inteiro.
A terra de Virgulino
O famoso Lampião
A terra de Vitalino
Rei do barro feito à mão
A terra do “Padim Ciço”
Dos milagres, “dos bendito”
Do poder da oração.
Piauí da Pré-História
Bahia do candomblé
Paraíba das cachaças
Em Sergipe eu boto fé
Pernambuco tem o frevo
Ceará do “Padim Ciço”
Só conhece quem já foi
No Rio Grande do Norte
A cultura é muito forte
Vá! Não deixe pra depois.
Essa terra é muito boa
Dela ninguém me separa
Tem tudo pra se viver
Uma culinária rara
Uma beleza campestre
Só deixo o meu Nordeste
No último pau-de-arara.
Autor: Carlinhos
Só conhece quem já foi
No Rio Grande do Norte
A cultura é muito forte
Vá! Não deixe pra depois.
Essa terra é muito boa
Dela ninguém me separa
Tem tudo pra se viver
Uma culinária rara
Uma beleza campestre
Só deixo o meu Nordeste
No último pau-de-arara.
Autor: Carlinhos
E é com este poema, em forma de cordel, de um nobre trovador nordestino que eu deixo vocês por hoje.
Até a próxima.
Lara Oliver.
Assinar:
Postagens (Atom)