segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Hannah Arendt: O professor, para os alunos, é um representante de todos os habitantes do mundo
Hannah Arendt escreveu um artigo sobre a crise na educação, nomeado com o mesmo tema, que estudado em classe, levantou vários pontos, que debatidos em classe, foram considerados de suma importância para a formação do pedagogo. Eis aqui, um breve comentário sobre um destes pontos e uma singela síntese da obra analisada.
"Dividido em três etapas complementares, o presente artigo discute a reflexão de Hannah Arendt sobre a crise da educação no mundo contemporâneo. Na primeira parte se estabelecem algumas conexões teóricas gerais entre as teses de Arendt a respeito da crise da educação e sua reflexão filosófico-política sobre a crise política da modernidade. Na segunda parte do texto, discute-se a hipótese de que a crise da educação também está relacionada à introdução de abordagens educacionais de caráter psicopedagógico, as quais, em vez contribuir para educar os jovens para a responsabilidade pelo mundo e para a ação política, os mantêm numa condição infantilizada que se estende até a idade adulta, trazendo, em consequência, novos problemas políticos. Finalmente, na terceira parte do texto, propõe-se a hipótese de que uma das principais contribuições do pensamento para pensar a crise contemporânea da educação se encontra em sua interessante discussão do binômio "crítica" e "crise", o qual põe em questão o binômio tradicional "crise/reforma". Para Arendt, a crise na educação deve ser entendida como oportunidade crucial para reflexões críticas a respeito do próprio processo educativo.
Em sua obra, A crise na educação, Hannah Arendt aborda aspectos essenciais para a formação do pedagogo, dos quais se reúnem os aspectos políticos e filosóficos que interpõem a escola, o professor e o aluno; frisando, que a escola é o âmbito preparatório da criança para mundo, em todo caso, sem ser o mundo, e, sem de fato tentar sê-lo.
Arendt frisa que “A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar”, assim sendo, responsável parcialmente pela inserção da criança na sociedade em que vive, deixando claro que ela é capaz de muda-la em seu processo. Quando Arendt diz “Face à criança é como se ele (o professor) fosse um representante de todos os habitantes adultos, apontando os detalhes e dizendo à criança: – Isso é o nosso mundo” está enfatizando este momento. No início de sua narrativa, a autora deixa claro que, a criança é um novo ser inserido ao mundo, sem qualquer instrução de como agir em sociedade e sobre como exercer sua humanidade. – Apesar de ser uma afirmação forte, o que torna o homo sapiens de fato ‘humano’ é a sua cultura e vivência em sociedade, que o difere dos demais animais. Estes fatos então devem ser ensinados, gradativamente aos mais novos – assim como ocorre com os animais – pelos mais velhos, que seria no nosso caso, um professor.
O professor, então é o responsável por mostrar o mundo aos seus novos habitantes, e qualifica-los para a vida em sociedade, os direcionando para serem capazes de construir uma mudança significativa na mesma, que se encontra em estado de constate mutação. Logo, a sala de aula se torna um laboratório, onde o professor mostra o mundo para seus alunos, e com isso acaba representando, em si mesmo, as pessoas que o habitam."
Palavras-chave: Arendt, Mundo, Humanidade, Professor , Educação
Referência: ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. 3ª reimpressão da 5ª ed. de 2000. São Paulo: Perspectiva, 2005
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